Ciclo 2024

Exposição “abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul”

Curadoria: Fabíola Rodrigues e Marcel Diogo
Artistas: Ana Raylander Mártis dos Anjos, Daiely Gonçalves, Lucas Matoso e Will

Com vários mundos coabitando o mesmo espaço, a compreensão das complexidades da dimensão humana nos permite traçar, como num mapa, elementos de conexão, diálogo e contraposição. A obra do escritor poeta Adão Ventura, que empresta o título para esta exposição, possibilita entrecruzar artistas, tempos, espaços, memórias e questões sociais e desenhar cartografias diversas em caminhos que se abrem quanto mais se adentra. Como um encontro de variados percursos, a multidimensionalidade, as experimentações, os interesses e as manifestações articuladas por cada artista se conectam nesse espaço-tempo expositivo, como um asterisco *, figura simbólica que representa a bifurcação de cinco caminhos distintos que se ligam em um só corpo, ao mesmo tempo que mantêm seus respectivos vetores de força. Em torno da simbologia do encontro, cada artista apresenta relações distintas e, concomitantemente, estabelece ligações entre si e outras existências, e com o poeta mineiro, Adão Ventura, nascido na cidade de Santo Antônio do Itambé, na região do Serro.

Abrir-se a quintais, a caminhos…ou à rua, como num voo livre de um abutre, em busca de deduzir azuis ou qualquer outra coisa.  encontro se inspira, assim, a partir da obra do jovem poeta, como um enlaçador que tece relações entre Ana Raylander Mártis dos Anjos, Daiely Gonçalves, Lucas Matoso e Will. As temáticas e técnicas que permeiam as produções, aqui apresentadas, assim como a prosa poética de Adão Ventura, que aborda questões étnico-raciais, a multidirecionalidade, a identidade e a resistência referem-se aos artistas que, também, utilizam-se de linguagens que combinam um lirismo com as questões sociais.

Ana Raylander Mártis dos Anjos apresenta a série “Painéis”, que, referentes aos quadros de avisos, estabelecem diálogos entre a história coletiva e a sua própria trajetória. Em “Marrons”, articula experiências em comunidade, em uma busca “silenciosa” por identidade e pertencimento.

Já Daiely Gonçalves demonstra a complexidade das relações e a profundidade dos sentimentos, por meio das intimidades plantadas pelo afeto a partir da estética do quintal. Seus trabalhos convidam o público a adentrar e a interagir com representações de memórias cotidianas, gerando encontros que nos soam familiares.

Nesse diálogo, Lucas Matoso, em sua pintura, lida com repetições e sínteses. A multiplicidade de interpretações possíveis, em sua pesquisa, reflete dialéticas nas quais cada palavra pode ser um encontro de ideias, desafiando as convenções, anteriormente, postas.

Will, por fim, busca destacar a realidade por meio de sua pintura objetiva. A precisão das obras é semelhante à precisão da palavra na poesia, especialmente ao empregar cores, sombras e geometrias, na complexidade da presença negra e da resistência cultural, a partir de uma perspectiva singular do mundo.

Abrir uma mostra, um abutre ou outras poéticas desata possibilidades de estabelecer diálogos acerca de identidades, resistências, multiplicidades, gestos e movimentos que, feito feitiço, “abrem caminhos” e incontornáveis universos. Fabíola Rodrigues e Marcel Diogo

Ana Raylander Mártis dos Anjos
Daiely Gonçalves
Lucas Matoso
Will
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Praça da Liberdade, 640,
esquina com Rua Gonçalves Dias
Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil
30140-010 – (31) 3308-4000

Temporariamente fechado para obras de renovação.

Para mais informações ligue (31) 3343-7317