quinta, 28 de março de 2024
Desordem & Caos
Autoria
Camila Similhana
Curadoria
Raul Lanari
Exposição virtual executada com base em tese defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em História da UFMG em dezembro de 2018.

ENCARCERADOS NUS, SEM BANHO E AFUNDADOS NA IMUNDÍNCIE JUNTO À PRISÃO DE GUANHÃES

A cadeia de Guanhães remete ao início do século XX, mas já em 1913 o delegado chamava atenção do chefe de polícia estadual para os problemas do edifício:

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Cadeia pública de Guanhães

“(…) em completo estado de ruinas, ocupa a área de 93 metros quadrados; tem dous pavimentos, o inferior com cinco compartimentos; duas prisões na frente, com cubagem de 55,70 metros cúbicos e uma só janela cada uma – um corredor, dous xadrezes e o corpo de guarda ao fundo. O pavimento superior tem trex prisões mais vastas e arejadas, servindo uma dellas, ao fundo, de enfermaria, onde como agora há trez presos atacado de varicela”

(Arquivo Público Mineiro, Fundo da Chefia de Polícia, POL 12, Cx 32, Pc 03, 1913)

Tendo despendido sem autorização de quantias elevadas de 12.000 com bysol, e creolina, para a dezinfecção da cadêa, que está em completo estado de immundisse, sendo necessário tambem a verba para compra de uma bacia para banho, fazendo ver V.Excoa que os reclusos da cadêa local acham-se completamente nús, fazendo até vergonha, estão quase a morrerem de frio, disprivinidos de cobertores. Terminando peço Vossa Excelência tomar em consideração os meus pedidos por serem eles mais do que justos.

(Arquivo Público Mineiro, Fundo da Chefia de Polícia, POL 12, Cx 33, Pc 01, jul./1913)


FLAGRANTE FOTOGRÁFICO

REFERÊNCIA

“Flagrante fotográfico do delegado de Jacutinga, João Rubim [assinalado com I] em promiscuidade com presos da cadeia local em liberdade e com o advogado Dr. Abílio Pinheiro [portando óculos], quando naquele dia veio como emissário dos revoltosos paulistas do Pinha, as quaes invadiram Jacutinga. O Dr. Abílio foi espião das forças paulistas até Pouso Alegre, tendo preparado de volta a incursão das mesmas forças até [lá] , onde sofreram o merecido desbarato graças ao retorno para ali de Itajubá das forças sob o seu comando.”

(Arquivo Público Mineiro, Fundo da Chefia de Polícia, POL-018).

CADEIA DE BARBACENA IMPLORA POR CAIXÃO MORTUÁRIO

O prédio da antiga cadeia de Barbacena teve a construção iniciada em 1834 e finalizada em 1840.

Chama atenção na instituição a mórbida solicitação de um caixão mortuário, sinal de que as condições indevidas levavam a um quadro de falecimentos constante:

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Cadeia de Barbacena

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Cadeia de Barbacena

Esta delegacia em data de 24 de Novembro anno findo remeteu ao antecessor de Vossa Excelência um orçamento confeccionado por ordem do mesmo em officio de 22 de Outubro sob n. 1662, orçamento este de preço de um caixão mortuário para condução de cadaveres da Cadea d’esta Cidade ao cemitério, e não tendo até hoje sido auctorizado a despeza; rogo-vos a Vossa Excelência providencia a respeito porque é de muita necessidade o referido caixão que com esta falta, quando falece algum preso, torna-se uma vergonha a sua condução ao cemitério.

(Arquivo Público Mineiro, Fundo da Chefia de Polícia, POL 12, Cx 29, Pc 01, março/1909)

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LADRÕES DE ANIMAIS CAPTURADOS