resumo

O termo caverna faz menção a uma cavidade natural subterrânea acessível ao ser humano, independentemente de seu tamanho e do tipo de rocha em que se insere, formados por diferentes processos naturais, também conhecida como gruta, lapa, toca, abismo, furna ou buraco. O ser humano as utilizou em diferentes tempos e por diferentes razões, tais como abrigo, moradia, fortalezas, túmulos e lugares sagrados. No presente, as pessoas seguem recorrendo às cavernas, seja por turismo, pesquisa científica ou crença.

Nos relatos religiosos são inúmeros episódios significativos que aconteceram no interior de grutas. Em relação ao Cristianismo, as cavernas aparecem em várias passagens bíblicas, como a caverna de Adulão (Samuel, 22:1-2) onde Davi se refugiou, a caverna no monte de Horebe (Reis, 19:9-13) onde o profeta Elias conversou com Deus; e de forma ainda mais especial para os cristãos, em Belém, numa lapa que servia de abrigo a animais de pastoreio, nasceu Jesus (Lucas 2: 6-8).

Mas o que as cavernas têm em comum em todo o mundo e nas diversas culturas são os sentimentos que elas despertam nas pessoas, o medo e também o encantamento. Para o homem religioso a natureza nunca é exclusivamente “natural”, ela está sempre carregada de um valor religioso (Eliade, 1992, p. 59). É a percepção sensível do ser humano aos fenômenos da natureza que sacraliza os lugares naturais, dando significado e importância.

Nesta exposição, será apresentada a hierofania da caverna e como esse elemento da natureza se revela sagrado para a comunidade Bagres. A dissertação para o Programa de Pós-graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial da PUC Minas com bolsa Taxa CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), teve como respaldo teórico-metodológico a linha cultural humanista realizando conexões com a geografia física, espeleologia e geografia da religião, tomando como método a observação participante em práticas de campo e aplicação das ferramentas e técnicas participativas: entrevistas semiestruturada, mapa mental e diagrama de Venn. 

Acredita-se fortemente que compreender a forma como as pessoas percebem as cavernas pode ser o caminho para sua conservação, preservação do ambiente e uma forma de salvaguardar tradições e culturas populares.