Chegando.....

– “Ôh de casa!”. Em seguida algumas palmas. 

Os primeiros a se apresentarem e anunciar a visita são os cachorros, latindo quase uivando. Depois, aparece por trás da casa passos mansos e olhos desconfiados.

– Bom dia, como vai?! Meu nome é Iara, viemos conhecer a Lapinha, a comunidade Bagres e suas histórias. 

O olhar desconfiado se aperta. Também, pudera?! Estranhos batem à porta e já perguntam sobre algo específico e especial para a comunidade. Antes mesmo da resposta, me antecipo:

– Moro em Belo Horizonte, mas cresci em Itambé. Sou filha do Leonardo, que trabalhou no escolar, e da Inês, que trabalhou lá no posto de saúde. Ou talvez você conheceu o meu avô, Joaquim de Afonso, que morava lá no fazendão, fazenda São João. 

– “Ah! Sim!”. O olhar desconfiado se quebra e um sorriso se abre. “Conheci seu avô, Joaquim de Afonso… Conheço demais seu pai… Chega pra cá, entra”.

Em uma pesquisa científica é importante estabelecer uma relação de confiança. Em Bagres meu vínculo familiar com o lugar foi a chave de entrada e ao mesmo tempo, no processo de pesquisa, reforçou a minha topofilia. Sorrisos, braços e portas se abrem para nós. Somos recebidos pela comunidade Bagres em seus lugares sagrados. Seja na Lapinha, na cozinha, no quintal da casa, na praça ou na capela, (presencial ou virtual) são todas e todos bem vindas e bem vindos! 

Vamos chegando…