A progressiva falência das águas superficiais do rio Peruaçu, em decorrência da seca de suas veredas, levou as famílias residentes nas comunidades do médio curso a encontrarem novas formas de sobrevivência em meio a escassez hídrica.
Na ânsia por buscar algum rastro de água ainda pulsante na terra, chegamos até a casa de Zé Torino e Nelinda, na comunidade de Olhos d’água. Conhecidos em toda parte como “plantadores de água”, o casal empreende buscas incessantes pela recuperação de parte do rio. Junto a eles tecemos parte de nossa pesquisa.
Ao longo das visitas que fizemos a Nelinda e Zé, estivemos sempre acompanhados de outros pesquisadores, amigos da família e curiosos que chegavam até ali para constatar com os próprios olhos aquela história que corria longe dali, a de que o casal estava mesmo plantando água no Peruaçu.
O percurso pelas famosas nascentes de seu Zé começava com um café na varanda de casa. No quintal, de todas as espécies arbóreas presentes, ganhava destaque um generoso e imponente pé de Umbu. A árvore crescera e se ramificara em grande medida, o que exigiu a construção de uma estrutura de madeira para a sustentação dos galhos.
A construção de cisternas para captação de água da chuva no contexto do semiárido, cada vez mais afetado pela seca das águas superficiais presentes em rios, riachos e ribeirões, se consolidou como uma alternativa possível ao acesso à água de beber e, alguns casos, também para a produção agrícola.