O cenário contemporâneo de seca do rio Peruaçu e de tantos outros rios do Cerrado brasileiro nos revela uma espécie de recado. O que poderia significar o desmantelamento de quantidades inéditas das águas responsáveis por conduzir a vida humana e não-humana há tanto tempo?
O anúncio da morte do rio Peruaçu, não deve, entretanto, ser vocalizado sem cautela, pois em suas margens, um território expandido, lócus privilegiado de análise, habitam as redes de "povos vagalumes", cuja busca por liberdade de movimento parte de desejos reais e concretos, e por isso mesmo, conseguem ser capazes de emitir seus próprios lampejos e expandi-los a outros seres. Nestas margens, as águas sobrevivem também como vagalumes, a espera de que possamos efetivamente vê-las e ouvi-las.
Agradeço especialmente à professora drª Doralice Barros, orientadora desta pesquisa. Agradeço ainda aos amigos e parceiros de pesquisa que cederam vídeos e imagens para a exposição: Frederico Gonçalves, Gabriel de Oliveira e Gleydson Mota. Sou imensamente grata a Nelinda, Zé Torino, Joaquim, Luis e demais "povos-vagalumes" do vale do Peruaçu, que seguem ecoando indefinidamente os recados das águas.
Esta pesquisa contou com o financiamento do CNPq.