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COLECIONISMO
A casa é uma antiga fazenda do colecionador Milton Ferreira que, com o passar dos anos, após deixar de ser residencial, foi se transformando em um grande arquivo pessoal, composto por fotografias, santinhos de nota de falecimento e objetos variados, alinhados e separados pelos cômodos, de acordo com sua utilidade e gênero. Essa casa escapa a um conceito definido, não apresentando um conteúdo, ou seja, estetiza simplesmente uma visão de existência.
A casa, que anteriormente já foi a moradia de todos os membros da família, agora é uma casa auxiliar à casa principal. Não é considerada mais como a casa da família, apesar de ainda conter o padrão de estruturação tradicional (quartos, cozinha, sala, banheiros) e de ainda possuir os objetos e móveis necessários para funcionar como uma moradia.
Toda a casa é coberta pelas coleções, que fazem com que a hierarquia entre os cômodos diminua, e até mesmo as janelas, que teriam a função primordial e imutável de serem passagens de ar e luz para o ambiente, passam a ser também um espaço expositivo para parte do arquivo.
Cada coleção apresenta características da identidade do colecionador, que é expressa e reforçada pela forma de organização e pela seleção dos objetos da coleção.
“O colecionador sempre seleciona objetos que o representam. Ele seleciona e ressignifica os objetos de forma que o discurso passa a ir além dos objetos colecionados, mas ao que se vê neles a partir de novas associações criadas a partir da sua disposição e agrupamento.” (BAUDRILLARD, 2008)
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