As festas no Brasil
As festas eram organizadas pelas Irmandades, realizadas em homenagem aos santos padroeiros ou a outros santos de devoção e constituíam um momento máximo de sociabilidade entre os irmãos.
Para serem realizadas, deveriam ter a aprovação das instâncias ligadas ao poder real, como as câmaras.
“José Antônio de Araujo, presbítero secular, Capelão Curado do Arraial de Itabira do Termo da Vila Nova da Rainha de Caeté, atesta e faz certo que João Gonçalves Couto, paroquiano desta aplicação […] dirigindo suas humildes súplicas ao Divino Espírito Santo e ligando-se com o voto de pedir esmolas pelos fiéis com ele faz sua festividade solene ao mesmo senhor; quase a vista do seu estado ressurgiu da sepultura por cujo motivo fazia a diligenciar esmolas pelos fiéis para cumprir o seu voto”.
Adaptado/ortografia atualizada por Bárbara Pereira Mançanares.
Uma maneira de garantir a aprovação, era inserir a figura do monarca para legitimar festas que pouco interesse tinham na sua figura, com a presença do rei simbólico e sua corte.
Por meio de cortejos, reinados e danças, presentes no tempo festivo, os grupos minoritários podiam flexibilizar as barreiras das normas culturais e religiosas vigentes, experimentar a celebração de forma sincrética.
Os festejos do período colonial e do “catolicismo barroco” eram caracterizados pelo exagero, contraste, extravagância, dramaticidade, pompa, proximidade entre os santos, relações entre o universo sagrado e profano, articulação de forças antagônicas como o bem e o mal, alegria e tristeza, o céu e a terra, matéria e espírito.
“o Provedor, o Imperador e mais Irmãos do Divino Espírito Santo que se venera na Igreja Santo Antônio dos Pobres pedem licença para poderem subir a Rua com a folia a darem esmolas, visto ter sido proibido isso pela Intendência da Polícia”